Um dos grandes objetivos de nosso Mochilão pelo Brasil era chegar de carro ao Jalapão, no estado do Tocantins.
Chegado o dia, partimos bem cedo da Serra da Capivara, ainda no Piauí, em direção à cidade de Mateiros, na região norte. Os dias anteriores foram de muita chuva na região, o que nos deixava um pouco preocupados. Mesmo assim, decidimos seguir em frente.
![Jalapão](https://i0.wp.com/terraadentro.com/wp-content/uploads/2016/03/G1048439-1024x577.jpg?resize=640%2C361)
Sabíamos que enfrentaríamos muita estrada de chão neste dia, mas não imaginávamos o tamanho do desafio. Era umas quatro horas da tarde quando avistamos a estrada de chão que leva à Mateiros. Paramos no posto que tem bem no trevo e decidimos conversar com os moradores locais, que, unanimemente, nos desaconselhavam a seguir pela estrada. Alguns alegavam o excesso de buracos, enquanto outros nos alertavam sobre os atoleiros enormes que se formam na época das chuvas. Paramos o carro, refletimos um pouco, mas o espírito aventureiro falou mais alto. Decidimos seguir!
![Jalapão 1](https://i0.wp.com/terraadentro.com/wp-content/uploads/2016/03/Terra-Ronca-35-1024x575.jpg?resize=640%2C359)
O primeiro trecho de estrada de terra, que termina no vilarejo de Coaceral, é um martírio. São cerca de duas horas e meia para completar os 70 km de estradas de terra, mesclado com os restos de um asfalto esburacado, que dificulta ainda mais o trajeto. Quando chegamos em Coaceral fomos logo procurar por informações sobre o caminho. Gentilmente, um morador local, com sotaque gaúcho, desenhou o caminho que deveríamos passar. Seguimos fielmente suas ordens por 40km, dirigindo por inúmeros atoleiros e enormes fazendas, que de tão planas, se perdiam no horizonte.
![Jalapão 2](https://i0.wp.com/terraadentro.com/wp-content/uploads/2016/03/G1068537-1024x576.jpg?resize=640%2C360)
Ainda faltava mais de 80 km até Mateiros, uma das portas de entrada para o Jalapão, quando nos deparamos com dois caminhões atolados, fechando a estrada. Ambos ficaram presos nas imensas “lagoas” que se formaram nas estradas de chão às margens das fazendas. Fomos avisados, anteriormente em Coaceral, que este é o único caminho que leva à Mateiros, ou seja, estávamos sem alternativas.
![Jalapão 4](https://i0.wp.com/terraadentro.com/wp-content/uploads/2016/03/G1088746-1024x576.jpg?resize=640%2C360)
Além disso, um dos caminhoneiros que estava à deriva, nos alertou que, quilômetros à frente, tinham poças de água enormes e muito profundas. Contudo, ainda que desejássemos seguir em frente, mesmo com todos estes desafios, era impossível. A estrada estava fechada e o dia já escurecia. Não tínhamos tempo a perder e decidimos retornar todo o caminho que havíamos passado, ou seja, mais de 110 km de estradas de chão.
![Jalapão 5](https://i0.wp.com/terraadentro.com/wp-content/uploads/2016/03/G1088759-1024x576.jpg?resize=640%2C360)
Voltamos com um forte aperto no coração, um desejo insaciável de alcançarmos os destinos que havíamos planejado para a viagem. Contudo, são nestes momentos, principalmente, que se vem os maiores aprendizados: nunca é tarde para voltar atrás e refazer os planos. Um dia é da caça e o outro do caçador.