O nosso último destino na Guatemala foi uma das experiências mais enternecedoras de nossas vidas.
Já era noite quando chegamos ao único camping que se localiza dentro do parque, o Jaguar Inn. O dia havia sido inteiramente dedicado à estrada, pois os mais de 330 quilômetros que separam a cidade de Cobán de Tikal foram muito exaustivos. Não víamos a hora de chegar e descansar um pouco e o camping parecia uma boa ideia.
Paramos o Mochileiro e logo tratamos de montar a nossa barraca, pois a noite prometia boas horas de sono.
Contudo, um pouco antes das dez horas da noite, um simpático homem nos abordou em frente ao nosso carro. Era um guia oficial do parque, nos propondo iniciarmos uma caminhada rumo às pirâmides às quatro horas da madrugada.
De imediato, sentimos o corpo pesado, cansado e quase recusamos a proposta. Que bom que ficou apenas no quase e decidimos seguí-lo rumo à Tikal na madrugada.
As poucas horas de sono foram completamente ofuscadas pelo céu incrivelmente pintado de estrelas, que víamos da janela de nossa pequena barraca “cinco estrelas”.
Já se passavam das três horas da manhã quando o relógio despertou. O sono e o cansaço deram lugar à intensa motivação de adentrar, durante a madrugada, na selva que cerca a antiga capital do Império Maia.
Fechamos a nossa barraca, tomamos um breve café e pouco depois das quatro horas já estávamos caminhando.
Os minutos que antecederam o amanhecer foram indescritíveis e, até hoje, ao relembrar este dia, sentimos um forte arrepio pelo corpo todo.
Os sons da selva ao alvorecer suscitaram em nós o verdadeiro sentimento que temos pela natureza: pertencimento.
Os Howler Monkeys, também conhecidos como Macacos Bugios, emitiam sons ameaçadores, nos fazendo sentir como se adentrássemos às antigas terras dos Dinossauros.
Todos os intensos sons se complementaram quando vimos o primeiro Templo de Tikal, antes de amanhecer o dia. As emoções se misturavam e todo o conjunto sensitivo que contemplávamos àquele momento, os sons da selva e as pirâmides mais simbólicas para a cultura Maia, fizeram desta experiência uma das mais intensas e profundas de nossas vidas.
Os primeiros raios de sol começaram a iluminar as pirâmides e estávamos completamente à sós, frente a frente, com o maior sítio arqueológico escavado das Américas.
Do século III ao século X D.C., a cidade prosperou de tal forma que se transformou em um dos maiores impérios pré-colombianos, deixando construções gigantescas e conhecimentos super avançados de Engenharia e Astronomia.
Por falar em Astronomia, os calendários Maias são, até hoje, motivos de grandes discussões mundo afora, inclusive com supostas profecias que desvendam o fim dos tempos.
A verdade é que, mesmo com todo o conhecimento que detinham, eles não conseguiram superar os obstáculos impostos pela natureza, especialmente, a escassez de água, que foi a principal causa do abandono destas imensas pirâmides.
Felizmente, quando os conquistadores espanhóis chegaram na América Central, ainda que houvessem rumores de uma gigantesca cidade perdida no meio da floresta, Tikal não foi encontrada, o que contribui intensamente para a sua preservação.
É impossível caminhar por entre os templos e não imaginar como funcionava a cidade no passado.
Em um destes campos abertos, na famosa Plaza de los Siete Templos, era o lugar onde, se acredita, que se praticava o principal esporte jogado pelos Maias. Com um bola extremamente pesada, os participantes rebatiam-na somente com os glúteos, visando obter os pontos contra os concorrentes.
O mais interessante deste embate era o fato dele ser jogado somente em datas especiais, sendo o vencedor sacrificado. Mas, como assim? O vencedor era sacrificado e não o perdedor? Por incrível que pareça, sim. Como um sinal de oferenda aos Deuses, o vencedor entregava sua vida e era sacrificado. Por outro lado, o perdedor era condenado à completa escravidão, como se pagasse, de certa forma, por esta derrota e desonra com a subjugação de sua vida.
Entendendo melhor a regra do jogo, percebemos porque o sacrifício era o caminho escolhido pelos vencedores.
Já se passava das oito horas da manhã quando vimos as pirâmides pela última vez.
Partimos de Tikal carregando conosco uma das experiências mais intensas de nossas vidas. Um mundo de sentimentos a mais, agora fazem parte de nossas recordações.
Olá, queridos mochileiros, não tenho feito comentários, mas estou atenta a vossa aventura.
Lindas fotos de lugares encantoares que mais parecem desencantados.
Bjs e abraços de muita coragem.
Lourdes
Oi querida amiga Lourdes, tudo bem?
É um imenso privilégio termos a sua companhia nesta longa aventura pelo mundo! =)
Tikal foi um destino que marcou demais a nossa viagem! Simplesmente inesquecível.
Vamos em frente, querida amiga Lourdes, sempre em busca de novas e intensas experiências!
Beijos dos amigos,
Henrique e Sabrina.