Sobre a histórica Olinda e o histórico Réveillon de Recife

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Um dos nossos objetivos principais do mochilão pelo Brasil era conhecer as praias do estado de Pernambuco. Para isto, decidimos nos hospedar na capital, que é um ponto estratégico para acessar os nossos destinos de interesse.

Recife nos surpreendeu por ser uma metrópole de proporções gigantescas. A sua região metropolitana é a quarta mais populosa do Brasil, além de ser a mais rica de toda a região Nordeste e Norte. E é nesta região que se encontra uma das cidades históricas mais importantes de nosso país: Olinda.

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Muitas Igrejas históricas compõem o cenário em Olinda

Fundada em 1535 pelo português Duarte Coelho, o centro histórico de Olinda, declarado como Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade pela Unesco, nos impressionou pela arquitetura e valor histórico. A Catedral Sé de Olinda e o Convento de São Francisco são umas das construções mais belas e impressionantes do Brasil colonial. Passeios por suas ladeiras históricas e pelas feiras de artesanato são programas obrigatórios pela cidade. Além disso, de Olinda se tem uma vista privilegiada de Recife, onde se pode contemplar, em um mesmo plano, o passado e o presente.

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Em Olinda é assim: quando menos esperamos, surge um repentista que começa a te seguir e cantar versos engraçados. Então, você não sabe o que faz…
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… depois de um tempo, sem perceber, você cede e começa a cantar junto…
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… e no final, o que resta é abrir a carteira, para a alegria do repentista!

 

 

 

 

 

 

Conforme o nosso planejamento, passaríamos o Réveillon em Recife e seguiríamos para Natal no primeiro dia de 2016. Organizamos os preparativos e estávamos animados para conhecer a queima de fogos que acontece todos os anos na praia de Boa Viagem. Nos arrumamos mais cedo e partimos de carro em direção à praia. Já nas proximidades de Boa Viagem, a um quarteirão da praia, vimos um lote baldio bem grande onde alguns carros já estavam estacionando. Fomos abordados por flanelinhas que nos ofereceram um preço bom e nos convenceram a estacionar o carro lá.

Fomos um dos primeiros a parar nosso carro neste terreno. À primeira vista, percebemos que não se tratava de um estacionamento regular, mas sim um lote que o dono, possivelmente, resolvera abrir as portas para ganhar uns trocados no Réveillon. Trancamos o carro, conferimos e fomos jantar.

Faltando uns trinta minutos para a queima de fogos iniciar, resolvemos ir ao estacionamento deixar alguns pertences no carro. Quando chegamos ao estacionamento, não encontramos mais nenhum flanelinha, nenhum responsável pelo local e vários (sim, vários!) carros atolados na terra fofa do terreno. Nosso carro estava preso por outros que estavam a sua frente. A única alternativa de tirá-lo do estacionamento era contornando todos os carros estacionados. Contudo, no corredor de saída havia um automóvel com as quatro rodas completamente atoladas.

O dono estava dentro do carro com sua esposa e filha de um aninho. Segundo nos contou, os flanelinhas os abordaram e pediram que entrassem com o carro e estacionassem em uma vaga no fundo do lote. Na metade do caminho, ele atolou o carro e fechou o corredor de saída. Os flanelinhas foram ao encontro dele e pediram um tempo até que voltassem com um guincho para içá-lo do buraco. Eles foram e nunca mais voltaram. Um vigia que trabalha em um prédio na frente deste “estacionamento” nos contou que viu o momento em que estes supostos flanelinhas chegaram, arrebentaram as correntes que prendiam o portão do terreno e, em poucos minutos, o transformaram em um estacionamento clandestino. Neste momento pudemos compreender a enrascada em que nos metemos.

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Terra fofa que levou muitos carros para o atoleiro

Não havia outra saída, juntamos uma turma de quatro homens, colocamos algumas pranchas de madeiras sob as rodas do veículo atolado no corredor e, com muito esforço, conseguimos tirá-lo do atoleiro. Resolvido este problema, fui tentar remover nosso carro. Nos fundos do terreno o atoleiro era tanto que nos sentimos em pleno Rally dos Sertões. No final das contas, os fogos começaram a estourar na praia, pudemos escutar as pessoas celebrando, mas não tínhamos mais como abandonar o nosso “Rally”. Depois de muitas tentativas, engata 4×4, coloca prancha de madeira sob as rodas, empurra daqui e empurra de lá, conseguimos, finalmente, desatolar nosso carro e sair do terreno transformado em estacionamento ilegal.

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No momento que removemos o nosso carro, o relógio já passava da meia noite

Hoje, quando conversamos sobre a história deste Réveillon, damos muitas e muitas gargalhadas de tudo que aconteceu. Foram alguns momentos de tensão, mas sempre levávamos de bom humor. Pensando bem, nada melhor do que começar mais um ano vivenciando intensamente tudo aquilo que inspirou o nosso projeto: partir por Terra Adentro!

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