A nossa entrada na Guatemala foi muito rápida.
A fronteira que cruzamos, que liga o país com El Salvador, é muito organizada e uma das mais estruturadas da América Central.
Os primeiros quilômetros dentro da Guatemala nos mostraram o que estava por vir, um país com uma cultura completamente diferente do que já tínhamos visto nas Américas.
Apesar da modernidade da capital, a Cidade da Guatemala, o interior do país é incrivelmente autêntico e afastado da massificação cultural que passa o mundo.
Em diversas vezes, quando parávamos pra comprar frutas ou verduras nas barracas à beira da rodovia, tentávamos nos comunicar sem muito sucesso com as simpáticas mulheres vestidas com trajes típicos.
Por mais que nos esforçássemos pra falar Espanhol, elas não entendiam uma palavra sequer do que dizíamos.
Certa vez, quando conseguimos conversar com um jovem que entendia um pouco o que falávamos, descobrimos que uma grande parte da população interiorana ainda fala a antiga língua Maia, conhecida como Maia Quiché, e que o Espanhol continua sendo um verdadeiro “intruso”, mesmo nos tempos atuais.
A autenticidade cultural da Guatemala foi, sem dúvida alguma, o motivo principal para nos encantarmos pelo país.
Não que as paisagens fiquem atrás dos demais países da América Central, pelo contrário. Mas, ter a oportunidade de cruzar um país tão genuíno, ainda distante dos padrões culturais americanos, foi um privilégio e tanto.
Por outro lado, como qualquer outro país em desenvolvimento, a Guatemala apresenta problemas sociais e estruturais bem graves, como a infraestrutura rodoviária e a violência urbana.
Possivelmente, as piores estradas que rodamos na América Central foram dentro do país, ao passo que sentíamos o clima de insegurança que ronda a capital, onde homens fortemente armados, carregando escopetas de altíssimo calibre, fazem a segurança de farmácias, padarias, estacionamentos, ruas e por ai vai.
Nada diferente do que vimos em Honduras e El Salvador, onde o clima de tensão é ainda maior, mesmo entre os moradores locais.
Não que isto nos impedisse de viver intensamente cada minuto dentro da Guatemala.
Em nossa Volta ao Mundo de carro, um dos nossos maiores objetivos é sempre quebrar os paradigmas e as pré-concepções que temos sobre certos lugares. E, na América Central, foi assim.
Entramos na região influenciados por uma infinidade de notícias e perspectivas negativas e saímos revitalizados, uma mostra que nunca devemos acreditar em tudo o que é falado, já que sempre incluem os países da América Central unicamente nas páginas policiais.
A insegurança existe, mas a realidade é muito diferente daquilo que é noticiado.