Alternativa às cidades mais famosas da Serras Catarinense e Gaúcha, a pequena e charmosa Urubici atrai visitantes que buscam sentir o friozinho do Sul e contemplar belas paisagens. Apesar de não ser a cidade mais conhecida da serra, muitos a consideram como a mais bela da região.
Depois das fortes chuvas de janeiro terem nos obrigado a abandonar o nosso roteiro inicial, o qual nos orientava seguir para o Pantanal Mato-Grossense, estávamos com grande expectativa para explorar as paisagens do Sul do País. Confessamos que ficamos um pouco tristes com a mudança de planos, mas conhecer Urubici foi uma grata surpresa que nos fez acreditar que tínhamos escolhido o lugar certo para visitar.
Neste mochilão, nosso confiável GPS não se mostrou tão confiável assim. Por diversas vezes ele nos fez entrar em verdadeiras furadas e percorrer quilômetros de estradas de chão esburacadas, sem nenhuma necessidade. Entretanto, outras vezes ele nos presenteou com rotas alternativas que cruzavam paisagens conhecidas somente por moradores locais. Uma dessas vezes aconteceu no trajeto para Urubici. Neste dia, colocamos o pé na estrada partindo da cidade catarinense de Rio do Sul e, ao invés de seguirmos pelo trajeto convencional que cruza o asfalto, fomos direcionados para um desvio pela estrada de chão. Desta vez, o GPS acertou em cheio! Cruzamos as lindas paisagens das plantações do Sul do país e pudemos conhecer um pouco da vida camponesa da região.
Começamos a visita com o pé direito. E assim continuou nossa passagem por Urubici, cada momento nos surpreendendo ainda mais. No dia seguinte, saímos bem cedo para aproveitar as atrações da cidadezinha. Para começar, visitamos a grandiosa Gruta de Nossa Senhora. O grande paredão rochoso, por onde descem águas cristalinas, abriga uma linda imagem de Nossa Senhora, rodeada de presentes com pedidos e graças alcançadas. Além da beleza, o silêncio do local nos traz uma paz, bastante difícil de sentir nos dias de hoje.
Saindo de lá, seguimos para o ponto mais frio de nosso país. No Morro da Igreja, que fica a 1.822 metros de altitude, bem no coração da Serra Geral, foi registrado o recorde mínimo de temperatura do Brasil em 1996: -17,8°c. Neste dia não estava tão frio assim, mas, mesmo em janeiro, foi possível bater um pouquinho o queixo. Lá de cima, temos uma vista privilegiada dos campos de altitude de Santa Catarina e da Serra Geral. O morro possui este nome devido à sua curiosa formação de rocha basáltica, a qual parece formar uma igreja de construção jesuíta.
Na descida do Morro da Igreja, demos uma passadinha para conhecer a Cascata Véu da Noiva. Confessamos que esta visita foi um tanto quanto decepcionante, já que a queda d’água não impressionava muito e ainda tivemos que pagar R$10,00 de entrada. Mais tarde neste dia, porém, conheceríamos uma cascata de tirar o fôlego.
Mas antes, fomos em direção à tão esperada Serra do Corvo Branco. Seus contornos surreais nos guiaram para conhecer paisagens incríveis. Nossa experiência em dirigir nesta Serra foi tão prazerosa, que ela até mereceu um post especial!
Saímos muito empolgados de lá, agora sim em direção à incrível Cascata do Avencal. No caminho, paramos para abastecer em um posto que nos fez sentir no cenário do filme Easy Rider, na década de 60. Além da fachada retrô, a lojinha de conveniência era toda construída no estilo Route 66. Um lugar muito bacana para conhecer!
Chegamos na Cascata do Avencal com poucas expectativas, já que mais cedo conhecemos a tímida Cascata Véu da Noiva. E, por este motivo, levamos um susto por lá. A enorme queda d’água, com quase 100 metros de altura no meio de um imponente paredão rochoso e vegetação preservada, é de impressionar. A propriedade é particular e também é necessário pagar para entrar. Mas vale à pena e, se for de seu gosto, é possível atravessar a cascata de tirolesa.
Voltando de lá, passamos por um local onde foram encontradas inscrições rupestres de cerca de 4 mil atrás. Infelizmente, este sítio arqueológico está muito mal preservado e, para falar a verdade, chegamos a ficar confusos a respeito do que era inscrição rupestre e do que era depredação. Mas a nossa passagem por lá não foi em vão. Ao lado das inscrições rupestres, encontramos uma plantação de maçãs orgânicas e compramos as duas maças mais deliciosas que já comemos. Sempre tem a parte boa!
Para terminar o dia tão bem quanto começamos, escolhemos assistir o pôr do sol do alto de uma pedra furada, no Morro do Campestre. E não poderíamos ter escolhido melhor. Exploramos sozinhos o lugar e, à medida que subíamos, encontrávamos ângulos e paisagens mais bonitas dos vales que ficavam para trás. Subimos na pedra mais alta que conseguimos e ficamos ali contemplando um intenso arco-íris, tão intenso quanto a nossa passagem por Urubici.