O Equador foi um país que gostaríamos de ter ficado mais tempo.
Dois motivos nos fizeram acelerar os nossos dias pelo país: as chuvas incessantes, que não davam um dia de trégua e a iminente visita que os pais do Henrique nos fariam em Cartagena, na Colômbia. Como a data do voo deles já estava marcada, não tínhamos tempo a perder.
Passamos por Quito, a capital Equatoriana, e ficamos pouquíssimo tempo. Não vimos um minuto da cidade sem chuva e decidimos abreviar nossa passagem pela cidade. Em um futuro, com certeza voltaremos para explorá-la melhor.
O nosso caminho já estava definido: cruzaríamos para a Colômbia pela cidade de Ipiales, a nossa porta de entrada do país.
Ajeitamos o Mochileiro debaixo de muita chuva e pé na estrada. A nossa torcida era que cruzássemos para a Colômbia e as chuvas diminuíssem um pouco, pois já estávamos a mais de 40 dias rodando debaixo de Chuva. Infelizmente, cruzamos a região da Cordilheira dos Andes peruana e equatoriana no período mais chuvoso, o chamado Inverno Altiplânico ou Inverno Boliviano.
Poucos quilômetros depois de Quito, já no caminho para a Colômbia, cruzamos um verdadeiro marco para a nossa expedição. Apesar de ser imaginária, a Linha do Equador, representou uma grande conquista para a nossa Volta ao Mundo de carro. Foram 25 mil quilômetros rodados pela América do Sul até que cruzássemos a linha que separa os dois hemisférios da Terra.
A partir deste momento, já não estávamos mais no hemisfério sul, mas sim no Norte.
Enquanto, do lado sul da linha o outono já dava as caras, do lado Norte começava a Primavera. Uma simples linha, mas muitas mudanças pela frente.
Contudo, nos primeiros quilômetros de Hemisfério Norte, a praticamente quatro mil metros de altitude, fomos surpreendidos por uma intensa e rápida nevasca. Em pouco mais de cinco minutos, a chuva virou neve e transformou completamente a paisagem, já nos preparando para o que iremos enfrentar no Alaska e no Canadá.
Paramos o Mochileiro no acostamento e aproveitamos aquele momento para fotografar e curtir os flocos de neve que caíam do céu. Pouco tempo depois, o tempo abriu e a neve que cobria o asfalto já se transformara em água, que escorria por todos os cantos. Pouquíssimos minutos que guardaremos com muito carinho em nossas recordações.
Em algumas conversas pela internet, recebemos uma informação que o último posto de combustível no Equador se localiza em Tulcán, a menos de 10 quilômetros da Colômbia. Deixamos o carro quase na reserva, pois não perderíamos a oportunidade de encher o tanque até a última gota com o baratíssimo diesel equatoriano.
Entretanto, quando chegamos em Tulcán, fomos surpreendidos com a notícia que carros com placa estrangeira não podem abastecer na cidade ao preço padrão.
Teríamos que pagar um preço “internacional”, muito mais caro que o valor do litro cobrado no restante do Equador. A solução seria voltar muitos quilômetros para abastecer o carro, mas isto nos atrasaria muito para os trâmites da fronteira. Decidimos não retornar e seguimos para a Colômbia, decepcionados com esta “falsa informação” que recebemos.
A nossa salvação foi que, na Colômbia, os postos de combustíveis da fronteira vendem o Diesel por um preço muito mais baixo que no restante do país, apesar de ser quase o dobro do cobrado no Equador.
Ficou a lição e os dias inesquecíveis que tivemos no Equador, um país que ficará para sempre em nossos corações.
Sempre muito bom ler o seus relatos, mas me tire uma dúvida: como vocês fazem com o documento físico do carro se cada ano muda? Como vocês conseguem a documentação física? Obrigado e boas aventuras