Um dos momentos mais incríveis que a Fotografia nos presenteou aconteceu nas montanhas e glaciares do Parque Kluane, no norte do Canadá. Convidados para fotografar o parque, nós sobrevoamos uma das regiões mais espetaculares da América do Norte.
Localizado no estado do Yukon, o Kluane National Park abriga o pico mais alto do Canadá, o Monte Logan, com seus 5.959 metros acima do nível do mar.
Voltávamos do Alasca, quando decidimos conhecer a adorável cidadezinha de Haines Junction, a qual havíamos cruzado rapidamente em nosso caminho para o norte. Nuvens pesadas encobriam o céu e poderiam atrapalhar o nosso vôo no dia seguinte.
Quando chegamos neste pequenino vilarejo, percebemos que muitos lugares estavam fechados e não havia movimento em canto algum. Procurando por um camping, descobrimos que praticamente toda a população, pouco mais de 600 pessoas, estava confraternizando em frente ao Centro de Visitantes em uma festa característica dos fins de verão.
Fomos convidados para entrar e não pensamos duas vezes. Diversas comidas típicas alegraram o entardecer de centenas de pessoas, muitas delas vestidas com trajes próprios das regiões nortenhas do Canadá.
Durante a noite o tempo mudou, cobrindo com mais neve os cumes das montanhas ao redor. Acordamos bem cedo e, quando olhamos pela janela do Mochileiro, a cordilheira estava límpida, refletindo a luz dos primeiros raios de sol da manhã.
Seguimos, então, para uma das maiores aventuras da viagem. Subimos em um pequeno monomotor, comandado pela simpática pilota Ally, e poucos minutos depois já estávamos na nuvens do Kluane National Park, sobrevoando um dos maiores aglomerados de gelo do mundo.
Por conta de sua beleza cênica e por abrigar inúmeras espécies da fauna nortenha, o Kluane foi elevado a Patrimônio Mundial da Unesco, em 1979 e, desde então, passou a ser uma das regiões mais intocadas de toda a América do Norte.
A cadeia montanhosa mais alta do Canadá está dentro dos seus limites. As montanhas que beiram os 6 mil metros guardam algumas das temperaturas mais baixas já registradas no hemisfério norte, chegando a superar os 50° Celsius abaixo de zero.
Não podíamos acreditar naquele momento e, vez ou outra, os nossos olhos se enchiam de lágrimas perante a tamanha grandiosidade. Toda a paisagem era tomada por campos de gelos a perder de vista, montanhas que passavam bem ao nosso lado e rios congelados que escorriam dos glaciares.
Uma hora depois, passamos exatamente em cima da Alaska Highway. Observando a sua imensidão no meio da vasta floresta boreal, miramos o nosso caminho ao sul e nos despedimos do inesquecível Kluane.