Definitivamente não era a nossa intenção passar pelo Deserto do Atacama. Não porque não desejávamos conhecer o deserto mais alto e árido do mundo, mas sim porque, em nosso planejamento, seria quase impossível incluir Ushuaia e Atacama em um roteiro de 40 dias. Com a nossa viagem encurtada devido à rápida passagem em El Chaltén por conta do mau tempo, paramos para refletir e fazer algumas contas e chegamos a conclusão de que era possível incluir mais alguns destinos. Reviramos o mapa da América do Sul e só conseguíamos enxergar o Atacama. Dizem que o inesperado nos faz viver os momentos mais surpreendentes e marcantes. Hoje temos uma certeza: ir para o deserto foi a melhor escolha que fizemos em nossa viagem.
Com a decisão tomada e a revisão do carro realizada, partimos de Santiago rumo à San Pedro do Atacama, num trajeto de mais de 1600km. Dividimos esta viagem em duas partes, dormindo a primeira noite em Copiapó, terra dos 33 mineiros que ficaram soterrados, em 2010, em uma mina a 700 metros de profundidade por 69 dias. Uma história que comoveu o mundo inteiro com o seu incrível desfecho e resgate feito com a ajuda da NASA.
Praticamente todo o trajeto até San Pedro foi ao longo da Ruta 5 chilena. Fantástica estrada que acompanha o desenho da Cordilheira dos Andes, passando por paisagens extremamente desérticas, mesmo às margens do Oceano Pacífico.
No caminho que cruzamos o Trópico de Capricórnio, também encontramos com casas e até um povoado abandonados. Cenário bem comum de ser ver nesta região. A escassez de água e o solo infértil fizeram, ao longo do tempo, muitos povos migrarem, deixando tudo para trás.
Outra parada que fizemos na estrada foi à 100 quilômetros de San Pedro, em Calama, local que é a porta de entrada para a maioria dos visitantes do Atacama. A cidade abriga a maior mina de cobre do mundo, a M.A. Hales, e por isso é conhecido como Tierra de Sol e cobre. Além produzir riqueza para região, esta mina trouxe, também, muitos problemas. Um exemplo disso, é o povoado de Chuquicamata, que fica cerca de 16km de Calama. Os moradores deste local tiveram que ser removidos por causa de graves problemas ambientais. Atualmente, essa vila encontra-se isolada e seu acesso é restrito. Passar em frente aos muros que a cercam é como se sentir parte de um filme de terror.
Foi com este cenário que seguimos os últimos quilômetros até o Atacama, cruzando a Cordilheira dos Andes e passando por altitudes acima dos quatro mil metros.
Fotos fantásticas!!!