Nem todas as estradas que cruzamos em nossas vidas deixam profundas marcas em nós. Aquelas que são capazes disto, são estradas que vão muito além das curvas e paisagens que se descortinam.
E este foi o caso da estrada que liga as cidades de Cusco À Nasca.
Os quase 650 quilômetros que percorremos em dois dias nos revelaram paisagens incríveis, momentos únicos e encontros totalmente inesperados.
Nunca antes em nossas viagens havíamos cruzado um percurso com tanto sobe e desce. Pra se ter uma ideia, de Cusco à Nasca, subimos acima dos 4.500 metros por quatro vezes e, no mesmo número de vezes, descemos para perto dos 2.000 metros acima do nível do mar.
A quantidade de curvas é incalculável e, cada vez que giramos o volante do carro para uma outra direção, um cenário grandioso se descortina para nós.
A primeira grande surpresa deste caminho aconteceu a pouco mais de 35 quilômetros de Cusco, na pequenina cidade de Compone.
Dirigíamos tranquilamente quando, do lado direito da rodovia, percebemos uma movimentação e tanto. Era o dia em que toda a cidade se reunia na Feira Agropecuária de Compone. Tinha de tudo imaginável e inimaginável para venda: frutas, verduras, legumes, comidas típicas, artesanatos, insetos, vacas, lhamas, alpacas, ovelhas e mais uma infinidade de produtos.
Ficamos por algumas horas caminhando entre as barracas e fotografando esta tradicional feira andina.
Logo nos demos conta que o caminho ainda era longo e tínhamos que partir. Sabíamos que não seria possível concluir este trajeto em um dia e decidimos pernoitar na cidade de Abancay. Contudo, antes de chegarmos a Abancay, tivemos um dos encontros mais emocionantes da viagem até agora.
Passávamos a mais de 4.700 metros de altitude, quanto vimos um movimento fora da estrada. Eram três pequenos garotos que cuidavam de um grupo de alpacas. Paramos o carro e logo fomos conversar com eles.
Um pouco receosos, os meninos não nos respondiam, somente apontavam na direção das alpacas. Tentamos novamente e nada. Um tempo depois, percebemos que, enquanto conversavam entre si, eles não falavam espanhol, mas sim Quéchua, uma das três línguas oficiais faladas no Peru.
Foi ai que percebemos que teríamos que partir pro improviso. Gesticula daqui, gesticula dali e, pouco tempo depois, já estávamos nos entrosando, parecendo velhos amigos. Não nos recordamos de ter conhecido meninos tão simples e puros assim.
A humildade e a simplicidade deles preencheu os nosso corações.
Quando pedimos para tirar uma foto deles (e com eles), percebemos que eles nunca antes haviam visto uma câmera fotográfica. Olhavam atentos e curiosos para a câmera, mas sem saber o que se passava.
Demos um saco de pão que tínhamos para eles e partimos, literalmente com os corações partidos.
No dia seguinte, após uma boa noite de sono em Abancay, saímos cedo, pois tínhamos mais de 400 quilômetros de muito sobe e desce pela frente.
O dia passou, mas o final de tarde nos reservava um pôr do sol inacreditável. A tempestade que vinha das Cordilheiras se juntou com o sol do litoral e o resultado foi sobrenatural. Um anoitecer que nunca tínhamos presenciado antes, de intensa cor alaranjado, contrastando com as nuvens escuras que cobriam as cordilheiras.
Lá embaixo, onde o Sol ainda reinava, estava o nosso próximo destino: a misteriosa região de Nasca, terra das figuras mais enigmáticas do mundo.
O céu de Nasca na estrada é algo magnífico a noite, a escuridão plena te permite observar milhões de estrelas, parece que as estrelas vão começar a cair. 😉
Olá Fred, tudo bem com você, amigo?
Nossa, tenho que concordar contigo: o céu de Nasca é magnífico, quiçá um dos mais bonitos e reluzentes da América do Sul! =)
As noites por lá foram inesquecíveis!
Grande abraço dos amigos,
Henrique e Sabrina.