Após dois dias imersos na Ilha de Skye, um dos lugares mais cênicos da Europa, chegava a hora de seguirmos rumo aos nossos últimos destinos na Escócia, o Lago Ness e a cidade de Inverness, a capital das Highlands.
Considerado um dos lagos mais míticos do mundo, o Lago Ness é tão comprido e profundo que, segundo reza a lenda, abriga em suas profundezas um ser misterioso e primitivo, popularmente chamado de o Monstro do Lago Ness.
Com pontos que podem chegar a 230 metros de profundidade, o lago se tornou famoso a partir da obra de São Columbano, um missionário Irlandês que, em 565 DC, descreveu em seu livro “Vida de São Columbano” como salvou um Picto, o nome dado aos antigos moradores destas terras, das garras do Monstro do Lago Ness.
Anos mais tarde, em 1880, o mergulhador profissional, Duncan MacDonald, relatou que, em um de seus mergulhos às profundezas do Lago Ness, ele tinha avistado um animal gigante, com fisionomia similar a um réptil.
À medida que os relatos pipocavam, a fama do lago se espalhava para o mundo, o que atraía caçadores de tesouros para a região, ansiosos pelo prêmio que ganhariam caso capturassem o temido monstro.
Mesmo com todas as tentativas, foi somente em 1934 que surgiu a primeira foto do Monstro do Lago Ness. Conhecida mundialmente como Surgeon’s Photo, a foto tirada pelo cirurgião R.K. Wilson se espalhou mundo afora e aumentou ainda mais os boatos sobre a veracidade dos contos.
Décadas depois, um repórter de um jornal local confessou que havia adulterado a foto e forjado a possível imagem do monstro, utilizando o nome do renomado cirurgião para conferir credibilidade à sua falsificação.
Verdade ou lenda, o Monstro do Lago Ness, ainda hoje, atrai milhares de turistas e caçadores de tesouros, ainda crentes em sua existência.
Ainda que nós não esperássemos cruzar cara a cara com o Monstro, não perdemos a oportunidade de olhar atentamente para as águas calmas do Lago Ness e sonhar com um registro fotográfico de Nessie, o carinhoso apelido desta desconhecida e, talvez, inexistente criatura.
Uma simples foto de Nessie seria como ganhar na loteria. Contudo, mesmo após horas e hor de tentativas, não foi desta vez que a sorte brilhou para nós.
Os nossos caminhos ainda nos levariam ao último destino em terras escocesas, Inverness, a capital das Highlands.
A charmosa e pequenina cidade nos cativou desde os primeiros passos. Quando ainda estávamos à procura do lugar que passaríamos a noite, percebemos que um carro, logo atrás de nós, piscava os faróis ininterruptamente.
Encostamos assim que encontramos um espaço e percebemos que dois policias saíram do carro que nos seguia. Olhamos um para o outro como que disséssemos: “O que será que fizemos de errado?” Os segundos que se seguiram foram uma eternidade, pois já imaginávamos o tamanho da bronca que levaríamos.
Eis que os policiais chegaram, um de cada lado, e nos cumprimentaram educadamente. Retribuímos a gentileza e logo eles nos perguntaram se precisávamos de ajuda, já que notaram que poderíamos estar perdidos pela cidade. Um suspiro de alívio tomou conta de nós e um minutinho depois nos despedimos dos gentis policiais, que nos ajudaram a encontrar o lugar que tanto procurávamos.
Assim como este gesto, as construções da cidade, margeando o Rio Ness, nos encantaram à luz do dia e especialmente à luz do entardecer.
As suas Igrejas e Castelos nos deixaram boquiabertos, da mesma forma como a recepção amistosa e calorosa dos moradores locais.
Mesmo sem a foto do Monstro do Lago Ness, é certo que levaremos belas recordações de Inverness e de toda a Escócia, um país que tanto cativou os nossos corações.