Uma visita inusitada, que não estava no roteiro, foi à Cueva de Las Manos.
Este sítio arqueológico fica nas proximidades de Bajo Caracoles, na Argentina, cerca de 50km de estrada de rípio, partindo da Ruta 40. Na viagem entre Gobernador Gregories e Perito Moreno, nos deparamos na estrada com uma placa indicando o local. Como bons curiosos que somos, decidimos conferir.
Cueva de Las Manos
Outra técnica de caça era o lançamento de pedras na presa
Arte rupestre da Cueva de las Manos
A visita valeu muito à pena e superou nossas expectativas. Além da bela vista dos cânions da região, o sítio apresenta uma imensa riqueza rupestre. Por este motivo foi nomeado pela Unesco, Patrimônio Histórico da Humanidade.
A Cueva de Las Manos tem este nome pelas 829 mãos que foram pintadas pelos primeiros habitantes, seminômades, da América do Sul. No local, há pinturas de 9300 a 1300 anos atrás.
As artes rupestres da caverna foram divididas pelos arqueólogos em três gerações.
A primeira, mais antiga, retrata as estratégias de caça de Guanacos, Choiques e Pumas de uma forma dinâmica, como se as pinturas fossem uma maneira de registrar os conhecimentos de caça para as futuros habitantes.
A segunda geração possui pinturas estáticas. Os historiadores acreditam que, devido à uma grande seca, os animais migraram da região. As pinturas seriam, então, parte de um ritual para trazer os Guanacos de volta. Já a terceira e mais recente geração, apresenta figuras geométricas e abstratas.
Na caverna, as pinturas são sobrepostas. Os caçadores pintavam com a técnica de negativo as mãos para marcar a presença. Eles utilizavam os pigmentos dos minerais das rochas diluídos em algum líquido, que poderia ser urina ou sangue, e sopravam este fluido com a boca e, posteriormente, com ossos e gravetos, sob a mão na pedra.
A técnica utilizada pelos arqueólogos para identificar a idade e geração das artes foi por meio do estudo dos minerais utilizados pelos habitantes. Cada geração de pinturas apresenta uma coloração diferenciada, por conta do mineral utilizado.
Outro aspecto importante do sítio é a conservação. Devido à utilização de matéria mineral, e não orgânica, as pinturas resistiram ao tempo. Além disso, a raridade de chuvas e a baixa incidência solar na caverna ajudaram na conservação.
A visita à Cueva de Las Manos é uma oportunidade rara de conhecer a arte rupestre dos primeiros habitantes da América do Sul. Sítios arqueológicos tão importantes geralmente são fechados à visitação ou estão mal conservados.
Compare a pintura da cena de caça aos Guanacos com a foto ao lado. A ruptura vertical na rocha representa a fenda central do cânion e a ruptura horizontal denota o penhasco da cordilheira. Observe os caçadores ao redor dos animais, como se estivessem cercando-os.
Esta técnica de caça tinha o objetivo de derrubar o maior número possível de Guanacos do penhasco, facilitando o trabalho de matar os animais. Este desenho foi feito, possivelmente, para transmitir os conhecimentos de caça, na região, aos futuros moradores.
Inúmeras pinturas, de diferente épocas, sobrepostas
Em branco e laranja, as pinturas retratam o principal alimento dos habitantes: o Guanaco
Cada mineral, típico de cada época, possui uma coloração diferente
Repare o caçador, no canto inferior direito, correndo atrás da caça. Esta técnica de pintura dinâmica é característica da primeira geração, há cerca de 9 mil anos
Repare, em preto, os Guanacos com as patas e troncos estendidos, como se estivessem correndo. Pintura em movimento da primeira geração
A segunda geração, que enfrentou uma forte seca na América do Sul, ficou sem alimento. A pintura em branco, possivelmente, retrata uma lua cheia. Este símbolo de fertilidade fazia parte do ritual para trazer os animais de volta para esta região da Patagônia
A foto mostra a escavação no solo feita pelos arqueólogos para descobrir qual mineral pertencia a qual época
A figura representa um lagarto típico desta região, que também servia de alimento para os nômades
Figura abstrata da terceira geração, que viveu no local a cerca de 3 mil anos atrás
Mistura de gerações
Caçadores rodeando os Guanacos para os derrubarem no penhasco
Fazendo a partilha da presa, em preto
Observe, em laranja no centro, uma mão com seis dedos. Isto mostra uma possível anomalia em decorrência da consanguinidade, já que os grupos eram pequenos, cerca de 25 pessoas
Bonita flor que vimos ao lado da Cueva de Las Manos
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2 COMMENTS
Olá! Qual a duração da visita na cueva? Vc dormiu em bajo Caracoles? Vou pra Patagônia em dezembro de carro e quero conhecer esse lugar mara.. Obrigada
Olá, Edilma! Tudo bem com você?
Ficamos muito felizes em receber a sua mensagem no Terra Adentro! 🙂
Então, a visita na Cueva de las Manos dura algo como 1h30 a 2h, mas tem os horários certos que abrem turmas de visitação.
Nós acampamos (wildcamping) próximo a Bajo Caracoles, pois não há praticamente nada nesta cidadezinha. Pelo que vimos, há somente uma pequena pousada. O ideal é programar para dormirem mais à frente, em algum lugar mais estruturado, caso vocês não tenham como pernoitar no carro.
Aproveitem muito este lugar incrível, Edilma.
Abraços dos amigos,
Henrique e Sabrina.
Olá! Qual a duração da visita na cueva? Vc dormiu em bajo Caracoles? Vou pra Patagônia em dezembro de carro e quero conhecer esse lugar mara.. Obrigada
Olá, Edilma! Tudo bem com você?
Ficamos muito felizes em receber a sua mensagem no Terra Adentro! 🙂
Então, a visita na Cueva de las Manos dura algo como 1h30 a 2h, mas tem os horários certos que abrem turmas de visitação.
Nós acampamos (wildcamping) próximo a Bajo Caracoles, pois não há praticamente nada nesta cidadezinha. Pelo que vimos, há somente uma pequena pousada. O ideal é programar para dormirem mais à frente, em algum lugar mais estruturado, caso vocês não tenham como pernoitar no carro.
Aproveitem muito este lugar incrível, Edilma.
Abraços dos amigos,
Henrique e Sabrina.