Roubo na Colômbia

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O tempo todo na viagem, procuramos conversar com moradores locais em busca de dicas de lugares interessantes para visitar, onde comer ou dormir. Mas conversamos, principalmente, sobre segurança. Muitas vezes, recebemos dicas preciosas. Em outras, as informações não são muito confiáveis e acabamos nos dando mal.

Em Cartagena das Índias fomos roubados porque confiamos mais em outras pessoas do que em nossa intuição.

Desde que deixamos o Chile e entramos no Peru, nossa atenção quanto à segurança, principalmente a do carro, aumentou e muito. Sempre procurávamos deixar o Mochileiro em estacionamentos, nunca o abandonávamos sozinho na rua e passamos a carregar todos os nossos objetos de valor quando saíamos do carro. Bem, quase todos!

A regra é nunca deixar o carro sozinho na rua. Na foto, o Mochileiro em um estacionamento no Equador.

Mesmo tomando várias precauções, fomos roubados no Equador.

Passeando em um local turístico da cidade de Cuenca, fomos encurralados por dois rapazes que levaram o nosso dinheiro. O prejuízo foi pouco e acabamos usando esta situação para tirar uma lição: ficar ainda mais atentos quanto à nossa segurança.

Chegamos em Cartagena, na Colômbia, mais do que avisados. Já ouvimos diversos relatos de arrombamento de carros na cidade e o assalto no Equador ainda estava recente.

Nos dias em que passamos na cidade, recebemos a visita da família do Henrique e alugamos um apartamento no bairro Castillo Grande para nos hospedarmos todos juntos. Quando chegamos, tentamos guardar o carro no estacionamento do prédio, que era baixo demais para o Mochileiro.

Conversamos com o porteiro do prédio vizinho – que possuía um estacionamento aberto na frente – para deixar o carro ali. Mesmo insistindo, ele disse que não seria possível.

Decidimos, então, pedir uma ajuda ao porteiro do nosso prédio para nos indicar algum estacionamento na região. Ele, então, nos garantiu que não haveria nenhum problema em deixar o carro estacionado na rua, em frente ao prédio. Havia câmeras de segurança, a portaria funcionava 24h e nunca havia acontecido nenhum roubo por ali.

Como iríamos ficar 17 dias na cidade e deixar o mochileiro em um estacionamento pago durante todo este tempo iria custar muito caro, decidimos fazer um teste e deixar por uma noite. De meia em meia hora, chegávamos na janela para conferir se estava tudo bem com carro. A noite passou e nada demais aconteceu. Percebemos que vários outros carros dormiram na rua também. Isso nos tranquilizou e resolvemos deixar o Mochileiro por ali nas demais noites.

Vista da Carrera 10, rua onde o roubo aconteceu.

No dia antes de irmos embora, resolvemos arrumar algumas coisas no carro durante a tarde, preparando tudo para a travessia marítima que iríamos fazer em poucos dias. Deixamos tudo em seus devidos lugares e voltamos para o prédio. Menos de 40 minutos depois, fomos dar uma olhadinha pela janela e percebemos que a luz externa da casa estava ligada. Achamos estranho, já que havíamos conferido antes de sair, e decidimos ir checar.

A princípio, estava tudo em seus devidos lugares. Somente o encosto do nosso sofá-cama estava tombado. Ficamos ali parados, meio confusos, até começarmos a perceber o que tinha acontecido. O ladrão arrombou a maçaneta da porta do carona, o alarme não disparou e ele entrou no carro. Foi direto para a parte de trás e começou a abrir os armários.

Como levamos a maioria das coisas de valor do carro para o apartamento, ele não encontrou muita coisa. Mas bem no fundo de um armário ficava escondido o nosso kit de trekking, com o nosso GPS Oregon e alguns acessórios. Ele levou o GPS e um canivete. As demais coisas estavam bagunçadas dentro dos armários, mas não demos falta de mais nada.

Naquele momento sentimos um mix de emoções, que imagino que a maioria das pessoas que são roubadas sente. Raiva do ladrão por ter entrado, mexido nas nossas coisas e sujado o carro. Arrependimento por ter confiado no porteiro e não seguido nossa intuição para não deixar o Mochileiro na rua. Sentimos também uma tristeza enorme por ter perdido um objeto que dividimos no cartão em 10 vezes para pagar.

Mas, além disso, nosso GPS marcava algumas conquistas especiais da viagem: a latitude mais ao sul, a maior altitude, o marco de cruzar a linha do Equador.

Além de nos guiar em trekkings, esse GPS também guardava os marcos importantes da nossa viagem.

Fomos muito descuidados e pagamos o preço disso. Mas também ficamos aliviados pelo ladrão não ter levado nossas roupas de frio caras, nem nossa barraca de trilha que também estava no carro.

Não sabemos se o ladrão pretendia voltar mais tarde para levar as coisas maiores, já que ele teve o cuidado de deixar todos os armários fechados e nada bagunçado do lado de fora. O que sabemos é que aquela luz, que ele acendeu sem querer, nos serviu de alerta e conseguimos chegar antes de perdermos outras coisas valiosas.

6 COMMENTS

  1. Olá Terra Adentro
    Que triste isso, infelizmente a falta de segurança nos países da América do Sul é tão grande quanto no Brasil, assim que chegamos em Medellin na Rodoviária pegamos um táxi e o taxista nos roubou (caímos no famoso golpe da nota falsa, onde o taxista pega a sua nota verdadeira e troca pela falsa e te induz a pensar que você deu a nota falsa para ele) e como estavamos cansados por viajar a noite inteira…só percebemos uns 10 minutos depois que descemos do táxi é lamentável ver que tem tanta gente de mal caráter e sem Deus no coração, não percebem que estão fazendo isso para sua própria destruição…um beijo pra vocês e ótima viagem Luciane Lutia

    • Olá Luciane, tudo bem?
      Ficamos muito felizes em receber a sua mensagem e conhecer um pouco das histórias de suas aventuras pelo mundo! =)
      Nossa, que situação super desagradável que vocês passaram em Medellín.
      Infelizmente, a segurança na América do Sul deixa muito a desejar e a sensação de que seremos roubados ou passados para trás é constante.
      Fomos roubados duas vezes (Equador e Colômbia), mas fomos passados para trás inúmeras outras vezes. É muito triste isto, pois percebemos que estes casos são cada vez mais frequentes.
      Esperamos que esta realidade mude em um futuro próximo, Luciane, e que você nunca mais precise passar por isto! =)
      Muito obrigado por compartilhar sua história conosco.
      Abraços dos amigos,
      Henrique e Sabrina.

  2. Pois é pessoal apesar dos imprevistos , dos males o menor, o prejuízo foi pouco. Não dá para baixar a guarda, agora vocês vão entrar em uma região um pouco perigosa a América Central: Guatemala, Honduras, El Salvador, Nicarágua, Belize não dá para se descuidar. No México Yucatán e Quintana Roo é relativamente seguro, região de Acapulco é perigosa e toda a região Norte é perigosa. Não viagem a noite em hipótese alguma, procurem campings ou hotéis com estacionamento, sei que vocês devem saber disso, mas nunca é demais lembrar e boa viagem.

    • Olá amigo Edson Trindade, tudo bem?
      Realmente, não podemos baixar a guarda nunca, mesmo quando estamos em lugares que imaginamos que são “seguros”.
      Muito obrigado por ter nos alertado sobre a América Central e o México, pois todas estas informações são importantíssimas para o nosso planejamento.
      Viajaremos com mais cautela de agora em diante!
      Grande abraço dos amigos,
      Henrique e Sabrina.

  3. Parabéns pelas matérias, muito interessante, bons textos e roteiros, que vão me servir de base para uma futura viagem que pretendo fazer.

    • Olá Carlos Roberto, tudo bem?
      Nós que agradecemos imensamente pela sua mensagem no Terra Adentro! =)
      Saiba que sempre poderá contar com o nosso apoio e colaboração!
      Abraços dos amigos,
      Henrique e Sabrina.

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